quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Rua XV, dia 12*

Não importa o que é, mas tudo ilumina
Pinheiro
Janela ilumina
Luz de vela pisca pisca da calçada farol de carro ambulância luminária poste pisca olho pisca fecha abre fecha abre fecha abre e não fecha mais
Rua XV, dia 12
Coral dublado. Sono dobrado. Sonho
Não importa o que é, mas tudo ilumina
Até o som
Eu pensei que todo mundo sabia que não era filho de papai noel
Enquanto holofotes iluminam janelas iluminadas
Vendem-se pulserinhas iluminadas
Orelhinha de gato iluminada
Capetinha iluminado
Não importa o que é, mas tudo ilumina.
Explode a luz verMElha
Mas isso não impede que eu repita
ExpLode a LUZ ver de
Mas isso não impede que eu rePIta
A tal felicidade eu PENsei que foSSe uma brincadeira de PA PEL
Ex PLO de a luz a zul ziiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinha
Faz um tempo que pedi
ExploDE a luz bRanca
Mas isso não imPEde que eu repita
Explode
Com certeza já morreu
Mas isso não imPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPede
EX plo de ver Me lhO a MA re LO
B R A N co Ver de co lo ri do ro
Xo cinza não explode ver MA a de re ri N xo lhO Ver R ro B do LO A
Mas isso não impede que eu repita
Só eu que acho isso sinceramente triste?


*12/12/08

**meu computador tá com vermes. Não consegui inserir imagens.
Imagine fogos de artifícios.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Gira corre pula roda brinca sem parar


Coreografando a Cena 6 – O Sonho de Carlos
- ... então tá, é o seguinte: quando o Carlos se aproximar, cada um estará com um brinquedo. Elizabete, você estará com um bambolê...
- Mas tia, eu não sei brincar com um bambolê...
- ah... deixa quieto, a gente pensa em outra coisa. Carolina, você estará pulando corda...
- Mas tia, eu não sei pular corda...

- Puuuuuuuutz!


Detalhe que “Elizabete” toca violão cielo e “Carolina” toca flauta doce e fala Alemão fluentemente.

O que Portinari pintaria se a primeira imagem de brincadeiras de sua infância fosse em 2009?

Ah é, ele faria um desenho vetorial bidimensional para design gráfico usando o Corel...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Isso é um trabalho para... o público!


Depois que inventaram esse negócio de “dramaturgia aberta”, dá até medo de representar ou escrever alguma peça de teatro. Ta, tudo bem, quando eu nasci a dramaturgia aberta já tinha uns par de anos. Mas ultimamente, as peças que temos escrito estão cada vez mais regadas de simbolismos, propositais ou não, já que alguns só ficamos sabendo que existem depois da avaliação do público.
Não sei se realmente se aplica o que um caríssimo professor que tive disse, entre outros tantos blá blá blás, que o público está se tornando “auditor”, ou se todo mundo ta acostumado com esse lance de “mensagem subliminar” e vê chifre em cabeça de mula sem cabeça. Mas normalmente os intelectualóides falam mais asneiras do que aqueles que não entenderam bulhufas, e tem o bom senso de ficarem quietos.
A última peça que escrevemos juntos (nós do Tecoa Beraca), “Estela”, era basicamente a história de uma moça que sonhou estar em um cemitério, uma noite antes de tentar abortar. Antes de apresentarmos a peça, conversamos sobre tantos “simbolismos” que a peça continha, que não tínhamos dado conta antes. Mas o impressionante foi o que uma garota (inclusive aluna do professor que citei acima) disse a respeito do novelo de lã que Estela achou numa gaveta: “Cara, parecia um coração! As linhas soltas eram artérias, não?!” O meu “ahaaaam” da resposta trazia consigo uma lembrança, também carregada de simbolismo de um diálogo que aconteceu minutos antes:
Eu – Dani, cadê o novelo?
Dani – Ta dentro da caixa.
Eu – Mas Dani, vc não falou que ia tricotar um casaquinho?
Dani – Ixi nega, não deu tempo!
Eu – E agora? O que faremos?
Dani – Ah, vai esse mesmo!
Eu – mas esse tá todo estrupiado! A gente destruiu ele no ensaio!
Dani – vai esse mesmo, nega.

Isso me lembrou outras percepções do público sobre as cagadas que fizemos (eu mais o saudoso (pra mim) grupo Qorpo), em tempos passados:

Uma menina – Cara, que ótimo o cara não ter saído da lama antes que tirássemos o lixo de perto!
Neuri (o diretor) - ...?
A menina – e se ninguém tirasse o lixo de lá?
Neuri – Ah, a gente ia dar um jeito...
(Comentário sobre a performance apresentada em Cascavel, que era pra ter durado uns 20 minutos, mas se estendeu por 50, pq um dos caras dormiu qdo deveria ter levantado da lama, nos últimos minutos)

Uma colega de performance – menina, que coragem que vc teve pra jogar toda aquela tinta azul na cabeça!
Eu – é... a gente se esforça...
(Quando os meus 5 graus de miopia não me deixaram ver que a garrafa era de tinta e não de água!)

Alguém – nossa, como vc conseguiu ficar tanto tempo pendurada na árvore?
Eu – he he he ... pois é...
(Sobre quando me pendurei na árvore pra cobrir o furo de erro de marcação e não consegui voltar pra mesa de onde me joguei, nem descer pq não enxergava o chão, e fiquei com medo de cair em cima da caixa de som)

Um acadêmico – Meu, que massa o cara que ficou sentado lendo o livro o tempo todo! Representou muito bem a solidão!
O cara – he he he ... pois é...
(Sobre quando o cara não teve tempo de decorar nenhum poema sobre solidão porque teve que estudar pra uma prova de estatística, saiu direto da prova, sentou no banquinho e enfiou a cara no livro de poesia que deveria ter decorado)

Uma acadêmica – foi super legal a idéia de fazer uma propaganda da peça na hora da chegada do povo na faculdade!
Neuri – Ah, melhor, pq senão ninguém ia saber que ia ter peça no intervalo!
(quando (no mesmo dia da árvore) não me avisaram que a peça não seria na chegada do povo, e sim no intervalo!)

Acadêmicas de Secretariado Executivo Bilíngüe – Bando de retardados... que sujeira!
(Sobre nossa mais genial instalação de fotos de espetáculos em paredes de fita larga)

Por essas e outras que digo... melhor não dizer, porque pode ser que entendam o que eu não disse.
Aprendi que não precisamos encher as peças de grandes idéias, signos ou intenções. Pra isso existe o público “auditor”! Melhor é simplificar, já que, como bem lembrou o ilustríssimo professor já citado: Não há nada mais parecido com uma vaca do que a palavra vaca.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Crônicas de uma vida inviável

Crio este blog em um dia em que meu trabalho não me deixa estudar. Como não bastasse o cansaço, suor e sujeira acumulada por todo um dia de calor insuportável em Curitiba (!), estouro um sachet de maionese no colo e, sem nenhum tipo de papel para me limpar em minha mesa, viro-me para procurar algo na mesa de trás e nada encontro. Pelo menos o que me consola é que também não estava lá a colega da mesa de trás.

Em homenagem a Qorpo-Santo (inspirador da idéia de criar este blog) relembro a célebre frase dita pela boca de um de seus personagens: “eis o que há de se fazer a certos funcionários públicos: enforcá-los!” e inicio com este esboço de “Etnografia de uma vida inviável”. Não a minha, a da colega da mesa de trás.

Alguém aqui tem um colega de trabalho mala pra trocar comigo? Olha que pode fazer um bom negócio... eis alguns aspectos interessantes de sua vida:

· Seu avô tem 111 anos e não morre;

· Sua avó já era pra ter morrido a mais de 3 anos e não morre;

· Seus irmãos tem todos os carros que você já quis ter na vida;

· Além de diversos imóveis e outros bens materiais, também tem um “bem” com nome de ator de novela mexicana, do qual não nos poupa dos detalhes sórdidos;

· Seu tio lhe trouxe alface da Rússia para colocar na sopa;

· Seu avô tem uma plantação de fruta do conde hidropônica;

· Já morou na Inglaterra com seu ex-marido, (mas também já disse que moraram na Itália, pelo que passei a duvidar da incapacidade de onipresença do ser humano);

· Namora seu atual namorado antes mesmo de casar com seu ex-marido;

· Sua mãe já fez aniversário pelo menos umas duas vezes neste ano;

· ...

Teria ainda tantas e tantas coisas para listar, pensei em escrever “Crônicas de uma vida inviável”, mas dado à complexidade das relações de parentesco e inúmeros ciclos míticos que as envolvem, achei que uma etnografia seria mais... viável.

Isso não faz sentido, mas é só pra constar que todas as vezes que eu postar coisas sem sentido, possivelmente será porque toda minha paciência ficou na mesa de trás.

E neste momento também relembro que minha mudança para essa mesa em que estou (imposta pela nossa chefe), provavelmente foi idéia dela...