Trocamos o resta um pelo tetris. "Jogo chato, André!"
Mas este também era bom para jogar só, sem ninguém apressando, esperando a sua vez. E quem cansava ia brincar lá fora. Detetives e pistas, loja de inventos, leite esquentado com barro inventado, maçã podre como prêmio. "Sacanagem, André!"
A Clara e a Débora eram muito pequenas. A Denise cantava. Sempre, mas nem sempre versos bem bonitos. A Deise foi a primeira a ir embora. E nem disse adeus. Nem entrou na roda. O Saulo e o Daniel apareciam pouco. Menos que o Anderson. Vinham só para jogar sinuca e dar ideia de trancar a Carla no banheiro (debaixo da casa, no galinheiro abandonado - a nave espacial...).
Eu era vendida. Ninguém desconfiava que eu brincava de traficar segredos. De fora para dentro de mim.
Eu era vendida. Ninguém desconfiava que eu brincava de traficar segredos. De fora para dentro de mim.
Hoje até o passa-anel é passado. O mês é o passado e o que vem. Jogos são só lembranças. Mudamos de lugar e de quebra-cabeças. Cansados, todos brincamos lá fora. E tetris é uma metáfora. Resta só o café passar e o leite aquecer. Resta uma peça cair. Resta esperar o que vai acontecer.