Foi ontem a tarde.
Caminhamos por ruas bonitas, tensos, sabendo o que nos esperava. Cada passo dado era uma aproximação do nosso cruel, injusto e absurdo futuro. Sabíamos que não queríamos aquilo, mas neste momento, era a única saída, afinal, tudo tem seu preço. Quando iniciamos esta jornada sabíamos que nem tudo seria fácil, que algumas coisas conseguiríamos apenas com dor e sofrimento.
O tempo passava, as ruas ficavam para trás e, embora contássemos piadas e comêssemos jujubas para amenizar a angústia, era uma sensação de pavor que ocupava nosso pensamento.
Fugimos deste momento durante toda nossa vida funcional.
Agora não havia mais fuga. E foi na Rua Inácio Lustosa, à altura do número 700, que paramos, nos olhamos nos olhos, respiramos fundo e perguntamos um ao outro:
"Tem certeza de que é isso que você quer?"
O silêncio eminente continha a resposta: "não quero, mas não há outra saída".
Naquele momento, Allan Daniel e eu respiramos fundo e adentramos o Núcleo de Educação para efetuar a inscrição do Pró-funcionário.
Demos o primeiro passo para a deterioração do nosso cérebro.